Para onde vão os personagens …

… depois que o livro acaba?

Após ter lido o post do Reinaldo Azevedo em “Avesso do Avesso” a respeito de Fernando Pessoa, coloquei um comentário a respeito do fato de Caeiro, um heterônimo, ter data de falecimento. Repito-o aqui, para registro.

Caeiro é o mais citado dos heterônimos de Pessoa, só pelos comentários aqui já se percebe isto.
Também é o único que faleceu (tuberculoso, se não me engano) e isto sempre me intrigou: Pessoa o queria destituído de qualquer possibilidade de “metafísica”? Personagens de romances ou teatro ou cinema vivem em um mundo estranho: quando entram em uma história, pode ou não ter seu nascimento descrito e, terminada a ficção, nem sempre é finado, vão para um limbo existente depois da última página, após os letreiros, após o palco estar esvaziado. O que seria este limbo, que nem é Cérbero o seu guarda, no máximo a Mnemosyne às avessas? Mesmo que Caeiro não seja exatamente um personagem, é alguma criação de Pessoa e não poderia partir para este limbo, como devem estar Álvaro, Ricardo e Alberto. Caeiro morreu, foi para o limbo de todos nós, não da última página, não foi para nenhuma “metafísica”.